Quando acordei já estava na cama de hospital. Sentia a mente enevoada e o corpo estabilizado, como se as dores não fossem tão más, ou então porque eu não sentia quase nada. 
"Não entendo como sobreviveu, estava esmagado da cintura para baixo" "Pelos vistos teve sorte. Está inteiro. É um milagre"  Os médicos falavam de mim mas eu não queria saber. - Por favor....a Beth... a minha namorada - Pedi num tom rouco. Mal conseguia falar - Como é que ela está?
Viraram-se para mim - Acalme-se, não fale.
- NÃO! A Beth...
- Calma...
- PORRA, DIGAM-ME COMO É QUE ELA ESTÁ!
Não conseguia decifrar nada pelo rosto deles. À minha mente vieram os piores cenários. Não, ela não pode estar morta.

não sabia nada de cameron e isso deixava.me impaciente. eu sabia que ele era imortal e era impossivel acontecer algo mas ainda assim queria saber como ele estava e onde estava. ouvia um bip constante, sabendo que estava ligada a uma máquina. de vez em quando vozes faziam.se ouvir no meu quarto e os médicos tinham pouca esperança na minha recuperação. o acidente tinha sido muito grave e eu estava em mau estado, só estava viva graças a cameron que me tinha protegido do primeiro impacto mas nem ele tinha conseguido evitar o coma

Era horrivel estar naquela situação. Sentia.me impotente. uma inútil. queria dizer que estava aqui, dizer que conseguia ouvi.los e estava bem.. só precisava de um tempo off para recuperar porque as dores eram um bocadinho para o insuportaveis. depois de algum tempo em silencio, ouviu.se um chiar e uma voz a dizer que não podia ficar ali muito tempo. calculei que fosse cameron e o meu coraçao começou logo a palpitar apesar da maquina não o acusar. se ele estava ali era porque estava bem

o meu coração apertava e saltava do meu peito. eu queria acordar e dizer que nunca o ia deixar. não podia, amava.o demasiado. a culpa não era dele, a culpa tinha sido de quem tinha provocado o acidente, ele nao devia querer trocar de lugar comigo. tentei apertar a sua mão, tentei com todas as minhas forças mas o meu corpo não obedecia a nada do que eu queria. chorei em silencio. chorei até à exaustão. iria lutar sempre por ele, iria lutar pelos meus irmãos, iria lutar pelo amor que tinha a cameron e iria conseguir acordar. podia não ser hoje mas u iria acordar

Cada vez que ele me implorava para voltar, o meu coração apertava e o meu estômago retorcia.se. Eu estava a tentar, jurava por tudo que estava mas estava presa ali e a culpa tinha sido daquele irresponsável. Os dias iam passando e as horas arrastavam-se como se tivessem o dobro ou o triplo do tempo. Todos os dias tentava o mesmo, apertar a sua mão para ele saber que eu estava ali ou mexer algo. Eu apenas queria que ele soubesse que eu o ouvia e estava a lutar para acordar. A lutar e a perder. Porque é que o meu corpo tinha de ser tão teimoso ?

Dizer que o meu coração estava despedaçado era pouco. Ele estava amarfanhado, destruído, amarrotado, estava tão apertado que eu me perguntava como é que ainda vivia. Tinha passado mal algumas vezes, tinha chegado a pensar que ia ser de vez mas depois agarrava.me à imagem de cam, às memórias que tinha com ele e às promessas que tinha feito e tinha voltado. Estava cansada mentalmente de tentar mexer.me, tentava a toda a hora conseguir sair daquele coma mas era como correr contra paredes de tijolo, eu era demasiado pequena e fraca e a parede era demasiado forte. chorei novamente até sentir os seus lábios nos meus e era como se um choque percorresse o meu corpo.

Queria que ele me beijasse outra vez, precisava que ele o fizesse mas como podia pedir.lhe ? Tentei lutar contra o meu corpo novamente com todas as forças que tinha. Eu também o amo, mais que tudo. Porque é que não o conseguia demonstrar. Concentrei.me apenas numa parte do corpo, esquecendo tudo o resto. Podia não conseguir fazer tudo de uma vez mas um buraquinho na parede que me prendia aqui eu devia conseguia abrir. Vá lá.. vá lá.. continuei a tentar até que senti algo. Não sei se aconteceu algo mas eu senti algo. só esperava que ele também o tivesse sentido

Eu ia jurar ter sentido os lábios de Beth reagir perante os meus. Durante uma fraçao de segundos foi como se a tivesse comigo novamente.
Mas teria sido tudo imaginação minha - Beth, meu amor - segurei a sua mão - Beth dá-me um sinal. Diz-me que nao te perdi... - O meu tom era desoladpr.

Eu queria mostrar.lhe mais que tudo que estava ali. Eu estava ali e estava a fazer tudo o que podia para lhe mostrar isso mas eu não conseguia. concentrei.me o mais que podia nas nossas mãos e, tentei desesperadamente, que a minha mão se movesse nem que fosse apenas um milimetro ou algo parecido. o suficiente para lhe mostrar que estava ali e o ouvia.

Nada. Fiquei à espera de um sinal, de uma reavção mas nada acomteceu.Suspirei desanimado. Estava a dar em louco, agora até imaginava coisas - eu vou esperar, vou estar à espera que acordes....afinal tenho a eternidade toda para isso.

Eu ia jurar que tinha sentido algo na mão, que a tinha mexido mas ele não tinha reagido. Nada tinha acontecido. Os meus esforços foram nulos e eu a pensar que tinha feito algo decente. Voltei a chorar, começando a perder a esperança de algum dia acordar e o ver novamente. Os meus esforços não tinham compensado mais valia desistir agora e deixa.lo ir, ele merecia melhor

Há uma semana que eu mal saía daquele quarto. Sete dias à beira de Beth na esperança de a ver reagir, de a ver acordar, de a ver sorrir para mim e tê-la de volta. Se já estava a enlouquecer ao fim de sete dias, como seria dali para a frente?
De tão louco estava que me parecia ver lágrimas nos seus olhos. Demorei uns segundos a perceber que assim era. Chorei com ela. Aquilo era um bom sinal e ao mesmo tempo mau. Estaria ela a sofrer. Abracei-a - Não estás sozinha,meu amor, eu estou aqui e não vou a lado nenhum. Volta para mim.
Entretanto premi o botão para chamar os médicos. Eles tinham de fazer alguma coisa!

ele tinha entendido que eu estava ali, finalmente. depois de tanto tempo a tentar que ele percebesse, o esforço afinal tinha compensado. ouvi vozes no quarto misturadas com a dele, e percebi que estavam a discutir sobre algo mas eu não entendia muito bem o que porque começava a ficar tonta e enevoada, como se me tivessem dado algo. eu não estava com dores nem nada, eu estava a chorar porque queria acordar e estar com ele

Sempre que os médicos me vinham medicar para as dores que eu não tinha, ficava com a consciencia estranha. perdia um pouco a força, a vontade de lutar e começava aos poucos a sucumbir à escuridão. será que muitas pessoas tinham ficado em coma e morrido porque eles davam medicação a mais. Tentei manter.me agarrada a Cameron e às nossas memórias. Ele estava ali por mim e eu não podia simplesmente desistir. Por ele, por nós.

'Cause i'm not fine at all... Acabei mentalmente o que ele tinha cantado. Batendo mentalmente com a cabeça numa parede. Porque é que eu não conseguia acordar ? Ele estava ali a sofrer e eu ficava deitada na cama como se nada fosse. Senti raiva a borbulhar no interior e comecei a tentar de tudo. pontapear, barafustar, correr, esforçar.me. eu ia acordar, eu tinha de acordar e era agora! Estava farta de estar ali. Queria estar com ele. Sair do hospital e viajar, queria as nossas noites romanticas, queria.o a ele.

O seu desespero matava.me, ouvir o seu tom de voz destroçado, era uma tortura. Continuei a tentar fazer tudo o que podia, lutar com tudo o que tinha e não tinha. Tinha vontade de gritar e foi o que fiz, soltei tudo e consegui. Tinha conseguido. Pisquei os olhos para me adaptar à luz, depois de tanto tempo de escuridão, agora a minima coisa magoava os meus olhos. Virei ligeiramente o rosto e tentei mexer a mão que ele segurava - c... - chamei mas não saiu nada, estava com a garganta seca e dorida