estava cansada. o meu corpo doia e apesar do entusiasmo de cam, queria voltar a fechar os olhos. sorri.lhe ligeiramente, sentindo as minhas palpebras pesadas. Eu não podia fechar os olhos ou o mais provável era não as conseguir abrir outra vez - c.. - tentei chama.lo novamente mas era como se tivesse perdido a voz. levantei o braço menos dorido e apontei para a minha garganta para que ele pudesse entender o que eu dizia

Nunca na vida sentira uma felicidade como a que sentia agora. Era como se o mundo tivesse ficado imediatamente  mais leve. Desta vez não me importava nada de não parar de olhar para ela! Tirei de um jarro um pouco de água que a ajudei a beber. Tinha percebido as suas indicações. Os médicos observavam e analisavam. Tomem lá, eu disse-vos que ela ia acordar!
- Eu amo-te - murmurei ao seu ouvido.

Bebi a água que ele me ofereceu, sentindo.a passar na minha garganta como se fosse fogo. Tudo ardia - obrigada - disse com uma voz que nao se parecia nada com a minha. Os médicos andavam de um lado para o outro a ver as coisas e a fazerem.me perguntas sobre isto e aquilo mas eu mal conseguia falar e sentia.me tão cansada. suspirei e levantei a mão - estou cansada. - foi a única coisa que consegui dizer, demorando um pouco a abrir os olhos ao pestanejar. estava mesmo a ficar cansada e só queria dormir apesar de ter estado em coma, eu queria mesmo dormir

A mim custava-me vela assim tão débil.  Eu sabia que ela era uma rapariga forte, mas neste momento estava frágil e todo o meu instinto dizia que tinha de a proteger. Quando os médicos disseram que era melhor eu sair para que ela descansasse,recusei-.me - Eu fico - Prometi. não me ia separar dela, mesmo que Beth fosse dormir. Não ia mentir, vê-la fechar os olhos custava-me e punha-me a pensar em todas as vezes que eu achara que ela não os ia abrir nunca mais. - descansa, meu amor. eu estou aqui contigo, não te vou deixar...

agarrei na sua mão e entrelacei os nossos dedos, soltando um suspiro. virei a cabeça e o corpo ligeiramente para ele, uma vez que ainda tinha muitas dores e deixei.me ficar - obrigada - agradeci novamente, fechando os olhos mas desta vez era apenas para dormir. eventualmente ia voltar a abri.los para o ver ali comigo. - cam... - chamei, de olhos fechados - 'cause i'm not fine at all - cantei ou tentei, sorrindo ao ter uma vaga ideia do que ele me tinha cantado - amo.te

Apesar de estar cansada não consegui dormir por muito tempo, o meu corpo doia muito e todas as posiçoes eram incomodativas. suspirei e abri os olhos, vendo que estava sozinha. tentei sentar.me sozinha, era o que podia fazer mas o esforço que estava a fazer, tinha feito o monitor disparar, fazendo com que uma enfermeira entrasse a correr para ver o que se passava. eu não estava a morrer, só me estava a sentar

Eu estava no corredor, mal tinha terminado de ligar a um dos irmãos dela quando vejo uma enfermeira seguida de um médico a correr para o quarto dela. O meu coração caiu-me os pés. Corri para lá também- O que é que se passa?- Eles estavam todos à volta dela - Beth!

- eu estou bem - resmunguei enquanto a medica me ajudava a encostar a cama - eu só me tentei sentar - expliquei, fechando os olhos quando finalmente estava na posição que queria - eu estou bem - repeti. o médico lá ficou a refilar em como eu tinha de ter cuidado e o que tinha de fazer e bla bla bla mas quando eu pudesse pegar num lapis tudo ia ficar bem

depois do médico ter saido, estiquei o braço para cameron - podes abraçar.me - pedi, esperando que ele se juntasse a mim - e beijar.me. tenho saudades tuas - fiz beicinho para ele - quanto tempo tive eu apagada ? - perguntei.lhe - pareceu muito tempo - expliquei, aninhando.me nos seus braços

Os desejos ela eram ordens para mim. Aproximei-me. Com cuidado, juntei-me a ela na cama de hospital. Fiz os possíveis para tentar não a magoar. Já tinha percebido que ela estava com dores.Alcancei os seus lábios e matei saudades. - Foi muito tempo. Uma eternidade. 27 dias, Beth.

- pensava que tinha sido mais tempo - admiti. os seus lábios eram a única coisa capaz de me reconfortar agora, tal como os seus braço - é tudo muito confuso. o que é que aconteceu ao certo ? - perguntei enquanto aconchegava a minha cabeça no seu ombro. só me queria deitar com ele e aconchegar.me. aquela cama nao era nada confortavel - eu só me lembro de estarmos no sinal, eu estava a dar.te uma cotovelada e de repente abraças.te.me e é tudo confuso a partir dai

- Já foi tempo de mais... - A mim tinham parecido anos. Nunca, nunca mais queria passar por algo assim. 
Suspirei para me controlar. Sempre que pensava no sucedido ficava cheio de raiva - Um condutor bêbado veio contra nós. Perdeu o controlo do carro, vinha a mil à hora e fez-nos capotar. O filha da put... Escapou só com um braço partido. Devia partir-lhe a cara. 

- hey... shhh - mexi nos cabelos da sua nuca, massajando.o - está tudo bem agora. - beijei o seu pescoço - está tudo bem agora, quer dizer... o teu carro foi para a sucata, não foi ? - perguntei - desculpa cam, eu prometi que chegavamos sem um único risco e acabamos - senti os meus olhos ficarem marejados de lagrimas - desculpa - pedi

Por causa de um imbecil daqueles eu e ela tínhamos passado 27 dias no Inferno, num limbo, numa existencia de dor e sofrimento. Nunca me iria esquecer,por muito que as coisas melhorassem daqui em diante. 
Odiei as suas lágrimas, a sua voz de quem fez uma coisa mal - shhh a culpa não foi tua, foi daquele cabrão. Mandaria o meu carro mil vezes para a sucata se isso significasse que tu estavas bem - Sem dúvida alguma - Eu adorava aquele carro mas comparado com o que eu te amo a ti? Não significa nada. 

abracei.o com força, brincando com a costura da sua camisola - desculpa, eu sei que adoravas aquele carro.. se calhar se tivesses ido a conduzir, não estavamos ali e não tinhas ficado sem o carro - enterrei a cara no seu peito, fechando os olhos. não gostava que ele ficasse sem as coisas por minha causa. eu nem me tinha apercebido do acidente, talvez se eu tivesse atenta, conseguiria desviar.me ou algo assim mas não, tinha estragado tudo

- Se...se...se... - Nunca mais acabavam, era esse o problema. Traziam infinitas hipóteses com eles - Pensei muito nisso mas cheguei a uma conclusão: nada pode ser evitado. Não foi culpa tua nem minha. Estávamos no lugar errado à hora errada - Péssimo timing. 
Embalei-a nos meus braços. Deixei que ela chorasse à vontade embora me custasse. - Está tudo bem agora, Beth. Estás comigo. Estamos bem. 

não disse nada por um tempo, fiquei apenas a chorar contra o seu peito a pensar em como teria sido se fosse ele a conduzir. ele não morria isso era certo mas o mais provavel era nem termos acidente nenhum. quando acalmei, afastei.me da sua camisola, e passei a mão por ela - desculpa, molhei.te a camisola - limpei os olhos, olhando para ele - desculpa

- Pára de pedir desculpa - Pedi. Não estava certo. A culpa não era dela.
Para quebrar aquele ambiente, decidi contar uma piada que me ocorreu - Sabes que mais? Para namorada tens muito que se lhe diga. Passaste a maior parte do nosso namoro a dormir - Pisquei-lhe o olho. Não tinha piada nenhuma, mas bem...

Ri.me da sua palermice, abraçando.o - desculpa, eu estava a precisar do meu sono de beleza. eu de dois em dois anos costumo fazer isto. não achas que estou bonita ? - perguntei, agarrando.me ao tronco que ainda estava dorido - eu acho que devo estar fantástica. um mês seguido a dormir ? pele fantástica

Era bom que nos conseguíssemos rir de uma tragédia como a nossa. - Não haja dúvida, estás fantástica. Então essas nódoas negras arroxeadas ficam-te a matar. E a palidez, então? Uh! Estás fantástica - Ironizei. Antes que ela entendesse as coisas mal, apressei-me a completar - estás linda. serás sempre linda. estou tão feliz por estares acordada.

- o que ? eu estou negra na cara ? - arregalei os olhos - dá.me um espelho cam - pedi. - ou então deixa.me ir à casa de banho ver - tentei levantar.me mas ele impediu.me - vá lá cam, eu tenho mesmo de ver como estou. negra na cara ? no way. a minha cara não - passei a mao pela cara, escondendo.me

Não a ia deixar ir a lado nenhum. Ela estava louca se achava que conseguiria levantar-se, especialmente estando a perna dela num estado lastimoso. - Amor, levaste um impacto do caraças. Claro que tens nódoas negras. Mas até te ficam bem - sorri. Saquei o meu Iphone e liguei a camara frontal - tiramos uma selfie e já vês.

- eu não vou tirar uma selfie com a cara neste estado, nem pensar! - arregalei os olhos - eu tenho um espelho na minha mala, não deve estar inteiro mas deve funcionar - olhei para o iphone - eu estou horrivel, como é que dizes que me ficam bem ? - tapei a cara com as maos