- Então mas se não amas o teu noivo porque casas com ele ? Já tens idade para poder escolher - baixei a cabeça e sorri vergonhosamente ao pensar em Cam - Eu amo o teu irmão, com todo o meu coração e, depois de tudo o que ele já fez por mim, sei que também me ama. Não entendo porque é que não podes ter direito a um amor igual ao nosso. Porque não lutas por isso ? - perguntei.lhe - Eu vou ser esposa, vou ser mãe, vou tratar da casa quando o tempo vier mas vou faze.lo porque quero e por amor, não por obrigaçao

Alleah soltou uma gargalhada sarcástica. Aquela estrangeira não percebia mesmo nada. O que é que fora que o seu irmão a convencera que a comunidade amish seria? - Quem escolhe é meu parente masculino mais próximo. Sem o Cameron aqui, esse papel coube ao meu avô. Se ele aprova que eu me case, eu tenho de o fazer. Não há escolha para mim - Disse num tom irritado e bruto. Lágrimas queimavam-lhe os olhos. Especialmente só de pensar em Thomas... o seu verdadeiro amor, o seu melhor amigo desde sempre e o seu único amante. Não os deixariam nunca ficar juntos. - Bom para vocês. Boa sorte, até. Embora devesses ter cuidado com o Cam. Ele tem uma queda para fugir às responsabilidades - Comentou num tom jocoso, só mesmo porque continuava magoada com o irmão. 

Mesmo ouvindo aquelas palavras e querendo muito acreditar nelas, Alleah simplesmente não encontrava espaço para perdoar o irmão por a ter deixado para trás. Ele fizera-lhe em tempos uma promessa de que iria sempre cuidar dele e depois fora-se embora, deixando-a para trás sozinha naquela comunidade. - Não é assim tão fácil - A comunidade era o único mundo que conhecia. Vivia ali quase desde que se lembrara e as únicas memórias que tinha do mundo urbano não eram boas, dado que fora aí que os seus pais tinham morrido. Ela não partiria para um mundo desconhecido sozinha e, sobretudo, não sem Thomas. Mas ele era demasiado agarrado à sua família, aos seus valores. Thomas não partiria. E ela não o faria pois não aguentaria viver longe dele, mesmo que isso significasse casar-se com outro. 

Com o decorrer daquela conversa toda já tinham as duas a cozinha limpa e arrumada. Alleah retirou o seu avental. Depois, olhou francamente para a namorada do irmão - Tudo e nada - Disse pois não poderia contar a ninguém sobre ela e Thomas. Alleah queria desesperadamente desabafar com alguém e Beth ate tinha um olhar bondoso e honesto, mas custava-lhe confiar nas pessoas. Por isso voltou a colocar a sua guarda e estreitou a sua expressão - Agora se me dás licença vou apanhar um bocadinho de ar - O que era sinónimo para se escapulir de casa agora que o avô já estaria na cama e encontrar-se com Thomas às escondidas. 

- Alleah - chamei.a antes que pudesse sair e esperei que me olhasse - quando conseguires confiar em mim e quiseres falar, estás a vontade. Não penses que vou contar seja o que for que escondes ao teu avo ou ao teu irmao. Confia em mim e acredita quando te digo que guardar o que sentes te faz mal - sorri e arrumei o meu avental, indo procurar por Cameron. Precisava de estar com ele

Eu estava lá fora já não sei há quanto tempo. Alleah passou por mim a dada altura. Os nossos olhares ainda se cruzaram mas os dela rapidamente mostraram frieza e correu para longe. Há aquelas horas questionava-me para onde iria ela?

Não me demorei muito em pensamentos pois Beth juntou-se a mim no alpendre. A sua presença era de imediato um bálsamo tranquilizante. - Bem vinda a um mundo loucos. E a uma família de loucos - Disse num tom irónico. Aproximei-me para lhe pegar na mão - Será que fiz bem em trazer-nos para aqui? Será que fiz bem em voltar? 

- Olá - sorri e entrelacei os nossos dedos quando ele me esticou a sua mão - Tu já conheceste a minha familia, eles drogaram.me para que eu não estivesse contigo, por isso, qual das nossas familias é mais louca ? - perguntei, encostando a cabeça ao seu ombro - fizeste bem sim, aqui nunca ninguem nos ira encontrar mas tu não podes explodir assim com o teu avo ou ele ainda nos expulsa daqui

Vínhamos os dois de duas famílias loucas. Não admirava que nos percebêssemos tão bem. O mais irónico era que para fugirmos à sua família psicótica tínhamos vindo para junto da minha funcional. - Tens razão. Como sempre - Admiti. A sorte era a casa do meu avô ser numa das extremidades da comunidade e este alpendre ficar virado para as traseiras onde ninguém nos via pois assim podia continuar de mãos dadas com elas. - Já me tinha esquecido das regras e costumes daqui. Custa-me lidar com elas. Tenho de ajudar a minha irmã.

Olhei para as nossas maos e levei.as ate aos meus labios - Só podes ajudar a tua irma se ela quiser ser ajudada. Eu tentei perceber se ela queria sair da comunidade mas eu acho que nao, a nao ser que ela saiba mentir bem e me esteja a convencer que nao quer sair daqui - expliquei - além do mais ela ainda esta chateada contigo por a teres deixado aqui, acho que isso so contribui para que ela nao queira a tua ajuda

- Ela nao vai casar com ele, pelo menos nao para ja. Pode ser que durante a nossa breve estadia, ela mude de ideias. - tentei relaxa.lo para que pudesse pensar coerentemente. resolver problemas com a cabeça quente nao iria ajudar em nada, so iria piorar. - queres que eu vá falar com ela ? - perguntei - pode ser que fora de casa ela me conte o que se passa e porque nao quer ir embora. se é só por tua causa ou é por algo mais

Alleah estava nos bracos de um rapaz pouco mais velho que ela, talvez fosse da minha idade ou de Cameron mas era sempre melhor que um velho de quarenta anos - Primeiro, vais acalmar.te e deixar de falar assim. Nao tenho medo das tuas ameacas. Segundo, eu disse que podias confiar em mim, nao disse ? Entao nao, nao vou contar a ninguem apesar do teu irmao preferir que estejas com alguem mais jovem e voces pareciam estar bem empenhados um no outro. Terceiro, quem era aquele rapaz e porque e que nao pedes ao teu avo para casar com ele em vez de um velho ?

- Se ele nao percebe que poderia ter ao lado do filho uma rapariga fantastica como tu, entao ele e que perde. Qualquer rapaz que tenha a sorte de te conhecer e conseguir a tua atencao, devia mover o mundo para te dar tudo - assim que comecou a chorar perdidamente, puxei.a para mim e abracei.a, tentando conforta.la - ninguem se quer ver livre de ti, o teu avo e assim mas ele no fundo ama.te, tu es a neta dela. E o Cam.. o Cam foi.se embora mas ele nunca deixou de pensar em ti, ele ama.te e se tu quiseres, podes sair daqui. Vens connosco e se o Thomas concordar, pode vir tambem. Tu podes ser feliz, nos podemos fazer isso acontecer

Cameron off

A rapariga lá acabou por acalmar o choro. Sem dúvida que a conversa com Beth lhe metera ideias na cabeça e que iria ponderar no assunto. Por agora, estava apenas aliviada por Beth guardar o seu segredo - Obrigada Beth - Podia que ali tivesse uma amiga. E se Beth via o melhor do seu irmão, talvez ela pudesse fazer o mesmo - Talvez devamos voltar. Se alguém nos ver não vai ser bom.

- Sim, e melhor irmos - estiquei os bracos para ver o seu rosto e limpei.lhe as lagrimas - vai correr tudo bem, so tens de confiar em mim - pedi.lhe e saimos as duas dali, volta do para a casa. Cam ainda estava no alpendre a minha espera, ficando surpreso quando me viu voltar com Alleah - queres uns minutos com o teu irmao ? - perguntei a mais nova, olhando para ela.