Ainda tínhamos andando um pouco perdidos. Passei a viagem calado, tentando concentrar-me em encontrar o caminho certo e não em distrair com as dores que pareciam estar a abrandar. Parei em frente à grande casa. Pelo número parecia-me ser a correta.
Olhei para Beth - É a tua casa.

Eu reconhecia demasiado bem aquele caminho e aquela casa, ainda mais - que estamos a fazer aqui cam ? - perguntei, olhando para ele - sabes que eu não sou bem vinda aqui e que não tenho autorização para entrar em casa - murmurei

Baixei o meu olhar até ao seu - Foram os teus irmãos e em parte, eu mesmo. Tens dezoito anos Beth e só os vais ter uma vez na vida. Acredita quando te digo que o melhor que tens a fazer é fazeres as pazes com os teus pais - Disse, lembrando-me de algumas coisas que os gémeos me tinham dito na noite passada - Eles também devem sentir a tua falta, apesar de tudo. - Só esperava estar certo em relação a isso.

- A minha mãe não tem saudades nenhumas minhas, se tivesse já tinha ligado - aquilo magoava mais dito em voz alta do que em pensamento - eles só querem saber da minha irmã, ela sim é a perfeita - suspirei - eu sempre fui a ovelha negra

Levei a minha mão até à sua e apertei-a ligeiramente - Não posso acreditar que eles pensem assim. És a rapariga mais fantástica que alguma vez conheci, Beth. Deixaste-me espantado desde o primeiro momento em que te vi - murmurei - É pior se não fizeres as pazes com a tua família. Acredita em mim - Sabia-o por experiência própria. Afinal eu estava sozinho porque nunca quisera saber da minha familia.

Olhei para as nossas mãos e depois para ele, sentindo um pequeno sorriso florescer pelas suas palavras - ela não se vai importar minimamente, ainda me vai mandar embora aos gritos mas eu vou tentar - suspirei e abracei.o, beijando.lhe o pescoço - obrigada cam - sorri

- Ao menos tentas. É sempre melhor tentar - Disse em concordância, se bem que tinha receio pelo que se pudesse passar dentro daquela casa. Afinal de contas eu pouco sabia sobre a história do seu desentendimento com os pais - Não agradeças, Beth. Não é preciso. Só te quero ver feliz.

Sorri e roubei.lhe um beijo antes de sair do carro - vens comigo ? - pedi, mordendo o labio. se ia enfrentar a fera ao menos sentia.me mais segura com ele ao meu lado. - é que se queres que entre na toca dos lobos tenho de ir protegida - ri.me

Não sabia se era melhor ir com ela. mas acabei por assentir com um leve aceno de cabeça e saí do carro - I got your back - Disse divertido.

Ri.me e fui até ele aos saltinhos como uma criança pequena - um beijo de boa sorte ? - pedi, esticando os labios com um sorriso - é que é uma zona de perigo e esqueci.me da minha pata de coelho para dar sorte - ri.me

Aproximei-me de Beth e inclinei-me. Pousei os meus lábios obre os seus, beijando-a ternamente. Era capaz de me acostumar a fazer isto todos os dias, pensei.
- Não vais precisar de sorte, eu estarei aqui - Agarrei na sua mão.

Sorri e em passos muito pequenos fui andando até a porta. toquei a porta e dei um passo atras, engolindo em seco. nao iria ser assim tão mau, nao podia. era minha mae e eu sua filha, nao um bicho que a queria matar. ouvi a chave destrancar a porta e encostei.me mais a cam, escondendo.me ligeiramente.

De certa forma estava nervoso por Beth. Queria que tudo corresse bem, ela merecia.
A porta abriu-se, deixando antever uma silhueta feminina com um ar mais velho. Atrás dela pude perceber que estavam os gémeos, um pouco afastados da porta. Apertei ligeiramente a mão de Beth num sinal de apoio.

Olhei para cam e depois para os gémeos, passando pela figura maternal que tinha a minha frente - olá mãe - murmurei, sorrindo levemente
- Bethany ? - perguntou surpresa. certamente não estava à minha espera.
- Sim mãe, sou eu - sai detrás do corpo de cam e abri os braços para lhe dar um abraço ao que ela recusou, dando-me um aperto de mão
- Que fazes aqui Bethany ?
- Eu vim falar contigo e com o pai, se me deixares entrar - olhei para os gémeos e arregalei os olhos para eles me ajudarem

Tentei não parecer demasiado desajustado a toda aquela cena. Os gémeos apareceram na porta radiantes, o que pareceu convencer a mãe de Beth a deixar-nos entrar. Assim foi. Limitei-me a entrar e a ficar ao lado de Beth, sem precisar de dizer uma única palavra.

Encostei.me ao seu braço enquanto esperavamos pela presença masculina e toda poderosa daquela casa, o meu pai. apetecia.me ir embora dali - voces os tres agendaram este plano, nao foi ? - olhei para cada um deles a vez, esperando que algum deles se descaisse.

Os gémeos limitaram-se a fazerem-se de desentendidos mas não eram lá muitos bons actores.
- Prontos, sim, engendramos ontem à noite, enquanto patinavas - confessei.

- eu sabia que voces os tres juntos não ia dar coisa boa - bati nos braços dos gemeos, olhando para cam com cara de má, dando.lhe depois um soco no braço a ele também - tu viste como ela foi para mim, o meu pai é general vai ser ainda pior e voces sabiam disso - acusei os gémeos - agora tenho tres homens que querem ser os meus super herois - olhei para o teto

Sorri deliciado com a sua expressão.
- Pensamos que era a coisa melhor a fazer. Estamos do teu lado, não te esqueças disso. Somos os teus super heróis - Disse aquilo, mesmo sendo uma coisa super foleira.

- Tu és mesmo o meu super heroi - agarrei na sua cara e beijei.o, sorrindo contra os seus labios mas algo teve de interromper o momento e só podia ser o meu pai a tossir daquela maneira. - olá pai - senti as minhas bochechas corarem ao me virar para ele e sorri, apesar da sua expressão não ser muito amistosa - este é o cam, este é o meu pai e a minha mãe - apresentei.os, apesar de nao saber bem porque - posso falar com voces ? - pedi e o meu pai virou costas, andando até ao escritorio. era a sua maneira de dizer que sim - anda - murmurei para cam, puxando.o

Mordi o lábio e tentei recompor-me depois daquele beijo. O que não foi muito difícil uma vez que a expressão séria do senhor Noel conseguia fazer isso.
- Não sei se devo ir, Beth. É um assunto teu e dos teus pais. Achas bom ter a minha presença lá? - sussurrei para ela.

- Tenho a certeza Cam, eu não quero ir sozinha - olhei para ele - apesar de não querer que assistas à desgraça familiar, eu iria.me sentir melhor - olhei para a porta do escritório - fica aqui com os meus irmãos então - beijei.o novamente e ganhei coragem para ir enfrentar a fúria do Sr. Andrew Noel.

Não sabia a coisa certa a fazer nem queria deixá-la sozinha neste momento mas achava a melhor coisa a fazer. Engoli a seco assim que a porta do escritório se fechou. Os gémeos lançaram-me o olhar "só nos resta esperar". Foi o que fizemos.

As coisas com a minha mae estavam mais calmas, agora com o general Andrew não. Pelos vistos as coisas tinham mudado cá em casa e a minha mãe queria.me de volta mas o meu pai continuava com o seu feitio.. de merda, era a unica palavra que conseguia achar que o caracterizasse - Eu não voltei porque não tenho dinheiro e preciso da sua ajuda pai, eu quis vir resolver as coisas porque somos familia e eu tenho saudades suas apesar de não ser a menina do papá como a Margaux é - o meu tom de voz já não era baixo e o seu também não. continuei a ouvir o que ele dizia até atingir o ponto fraco, o cam - nem se atreva a falar dele pai. não, ele não é rico nem tem uma grande fortuna e também não está interessado no meu dinheiro. - revirei os olhos - acha assim tão dificil ele gostar mesmo de mim ? - perguntei e a resposta era sempre a mesma "eles só querem saber de ti por seres rica" - deixe estar pai, ja entendi que eu continuo a não ser bem vinda nesta casa - sai do escritorio, tentando controlar as lagrimas que queriam cair - anda cam, vamos embora - abracei os meus irmaos, despedindo.me novamente